Um comboio é como um vírus da alma, diferente de qualquer outro meio de transporte. Não só tem esse poder de nos transportar, mas ao mesmo tempo de nos transmitir uma sensação de paz e de bem estar interior. Entre sons e um embalamento contínuo e ritmado, característicos deste meio de transporte, viajamos não só em distância mas também no tempo. Foi neste contexto, numa paragem com guarda na linha do Vouga, que dei por mim a vaguear nos meus pensamentos e ao ver o Vouguinha a passar, foi como se tivesse embarcado nessa viagem, vendo-me sentada numa das suas cadeiras, a mostrar o meu bilhete ao revisor e a apreciar a bela paisagem característica desta linha. Decidi embarcar verdadeiramente. No entanto, a minha alegria de recordar o passado, foi consumida por muitos espaços solitários, esquecidos e degradados. O silêncio. Como pode esta linha centenária e com tanta historia ter chegado a este ponto? e ao mesmo tempo com tanto para nos dar? As lutas pela sua requalificação são constantes e embora alguns locais ofereçam espaços renovados, outros estão completamente abandonados, estando nesses locais o serviço de passageiros suspenso, devido a degradação da infra-estrutura. É urgente a recuperação de alguns troços, é urgente a modernização desta linha. É urgente captar novamente o seu interesse! É urgente preservar a nossa história e que as memórias das nossas viagens não sejam apenas nossas mas também das próximas gerações! E assim continuo viagem e na minha analogia entre passado e presente...

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